“O Cocó é um manguezal muito rico!”, afirma o Presidente da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica

20 de agosto de 2019 - 09:39

A Secretaria do Meio Ambiente (SEMA), por meio da Coordenadoria de Biodiversidade (Cobio), promoveu o seminário “Reserva da Biosfera da Mata Atlântica no Estado do Ceará”. O evento ocorrido na tarde desta segunda-feira (19/8), no auditório do Parque Estadual do Cocó, em Fortaleza, discutiu a Mata Atlântica, “sobretudo”, como disse o titular da SEMA, Artur Bruno, “a situação do bioma no Ceará”. Participou do encontro, o presidente da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica (RBMA), Clayton Ferreira Lino.

Em entrevista à equipe da SEMA, ele disse que em um passado recente, “praticamente não se reconhecia” a existência de Mata Atlântica no Ceará. Agora ele volta “muito contente para São Paulo”, levando a boa nova de que as coisas realmente estão acontecendo aqui. “Eu vi uma amostra dos trabalhos ao conhecer áreas que antes não conhecia”, completa. Em 1978, o arquiteto e espeleólogo trabalhou no Plano de Manejo do Parque Nacional de Ubajara, onde fica a Gruta de Ubajara, na Serra da Ibiapaba.

No último dia 16, em companhia do secretário-executivo da SEMA, Fernando Bezerra, e com a equipe da Área de Proteção Ambiental (APA) da Serra de Baturité, ele conheceu a primeira umidade de conservação criada pelo Governo do Estado (1992). O grupo visitou em Guaramiranga a nova sede da APA; o Refúgio da Vida Silvestre (REVIS) Periquito cara-suja; a sede do Batalhão de Polícia Ambiental (BPMA) e o ponto mais alto da Serra de Baturité, e o terceiro mais elevado do Ceará, o Pico Alto. Ele também conheceu a Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) da Pacavira, no município de Baturité.

Segundo ele, sempre é um desafio trabalhar com a questão ambiental por que sempre falta gente, sempre faltam recursos. No entanto, observa que isso não tem impedido o Ceará de realizar bons projetos e envolver as comunidades. “As ações são concretas”, ele destaca e diz que ficou muito impressionado com a integração que viu no REVIS Periquito cara-suja. “Um bom exemplo de parceria e de trabalho integrado entre a SEMA, a ong Aquasis e o BPMA”, ressaltou.“Isso realmente faz muita diferença, significa sinergia”, completa.

O presidente da RBMA também conversou conosco sobre empreendedorismo e turismo. Ele acha que “tem muito espaço para o empreender e grande potencialidade” para o cultivo de plantas ornamentais. Segundo ele, embora existam alguns desafios, esse é um tema que pode trazer “muita riqueza” para a Serra de Baturité. “Nesse campo, temos ainda o mel, o café, as plantas medicinais e o pessoal dos territórios com os seus recursos”, disse entusiasmado, lembrando que tudo isso pode ser cruzado com o turismo sustentável. Ele lembrou também que o processo exige capacitação para os jovens das comunidades impactadas.

Rico manguezal

Também conversamos sobre o Parque Estadual do Cocó. De acordo com Clayton, ali tem Mata Atlântica com grande predominância de área de manguezais. “O Cocó está dentro do Bioma e é um manguezal muito rico!” expressou. Para ele é espantoso pensar que “ali” um dia foram salinas. “Uma regeneração fabulosa”, ressalta. Segundo o especialista em Mata Atlântica, é um belo exemplo ter dentro da cidade de Fortaleza um rio com toda uma área em seu entorno regenerada e sendo conservada e ainda, com todo um projeto de ampliação pela frente.

“Em termos mundiais ganha cada vez mais importância as florestas e parques urbanos”, informa Clayton Lino, que na condição de arquiteto está coordenando a montagem da rede brasileira de paisagismo em Mata Atlântica, cuja uma das propostas é reconectar a cidade, o cidadão, com esta imensa floresta que um dia preencheu todo o litoral brasileiro. Portanto, ele espera que o que acontece no Cocó seja replicado nos rios Pacoti, Ceará e outros mais. “É hora de fazer um projeto que integra tudo, integra todos os serviços ambientais necessários à cidade, aos cidadãos e à questão da água, do saneamento, da educação ambiental e do turismo”, encerra.

Rede mundial

Criado pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) em 1972, as Reservas da Biosfera compõem uma rede mundial de áreas, cujas finalidades são a pesquisa cooperativa, a conservação do patrimônio natural e cultural e a promoção do desenvolvimento sustentável. A Rede Mundial de Reservas da Biosfera é composta por 631 Reservas da Biosfera localizadas em 119 países.

A Reserva da Biosfera da Mata Atlântica (RBMA) abrange uma área de cerca de 35 milhões de hectares em 15 estados brasileiros: Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Bahia, Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo, Mato Grosso do Sul, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. A missão da da RBNA é contribuir de forma eficaz para o estabelecimento de uma relação harmônica entre as sociedades humanas e o ambiente na área da Mata Atlântica.