NEMERTEA

O inventário de nemertíneos do Estado do Ceará foi elaborado a partir do levantamento de espécimes coletados na costa do Ceará. É um grupo pouco estudado globalmente, com apenas três estudos disponíveis para a costa do Nordeste, sendo um deles uma checklist das espécies de nemertíneos do Ceará (Mendes et al., 2016).

 

Atualmente, são conhecidas 12 espécies de nemertíneos para a costa do estado do Ceará, destas quatro são espécies ainda não descritas. A ordem Palaeonemertea apresenta duas espécies, uma da família Tubulanidae e uma da família Carinomellidae. A ordem Pilidiophora apresenta três espécies, duas da família Lineidae e uma da família Valenciniidae. Já a ordem Hoplonemertea, apresenta sete espécies, três ainda não descritas da família Emplectonematidae, e uma espécie das famílias Tetrastemmatidae, Ototyphlonemertidae, Prosorhochmidae. Essa diversidade, entretanto, é extremamente subestimada, uma vez que o levantamento de espécies desse grupo só foi iniciado por volta do ano 2010, por apenas uma pesquisadora. Ainda, a taxonomia de nemertíneos é bastante dependente de caracteres observados em animais vivos e testes de DNA, o que faz com que a identificação de espécimes de museu seja bastante difícil.

 

NEMERTEA

São conhecidos atualmente cerca de 1.300 espécies (Gibson, 1995; Kajihara et al., 2008), entretanto é possível apenas especular sobre quantas espécies de nemertíneos ainda existem a ser descobertas. A estimativa atual é que cerca de apenas 50% das espécies de nemertíneos foram descritas (Norenburg, comunicação pessoal), pois ainda há muitas áreas no mundo onde poucos ou nenhum nemertíneo foi registrado ou identificado (Gibson 1998). 

 

A maioria dos nemertíneos é marinha e bentônica (Kajihara., 2007; Thiel & Norenburg, 2009), mas existem espécies de água doce, terrestres e, dentre as espécies marinhas, existem ainda espécies pelágicas, espécies comensais de moluscos e crustáceos (Ivanov et al., 2002; Santos et al., 2006; Maslakova & Norenburg, 2008). Essas, entretanto, não são conhecidas para a costa brasileira.

 

Os animais do filo Nemertea são caracterizados por uma probóscide, reversível, alojada em uma cavidade celômica, a rincocele (Turbeville, 2002). A probóscide é armada por um ou mais estiletes nos indivíduos da Classe Hoplonemertea, e apenas muscular nos indivíduos das Classes Palaeonemertea e Pilidiophora (Strand et al., 2019). Em todas as classes, a probóscide é revestida por um muco contendo toxinas paralisantes e é utilizada para predação. Ao perceber a presença de uma possível presa, esses animais projetam a probóscide em direção à presa, em alguns casos por diversas vezes e utilizam as toxinas presentes no muco para paralisar a presa. Os hoplonemertíneos usam o estilete para perfurar suas presas (geralmente crustáceos) e injetar as toxinas. As toxinas produzidas por nemertíneos ainda não são totalmente conhecidas, mas compostos bastante poderosos já foram identificados no muco, tais como a tetrodotoxina (a mesma presente em baiacus) e outras neurotoxinas (Göransson et al., 2019).

 

Poucos são os predadores de nemertíneos conhecidos , especialmente devido à alta concentração de toxinas desses animais, o que os torna pouco palatáveis e mesmo perigosos para ingestão. Até o momento, apenas algumas espécies de peixes, principalmente linguados, são conhecidos por se alimentarem de nemertíneos. Bem como alguns crustáceos, lulas e outros nemertíneos. Entretanto, nenhuma espécie parece ter preferência por esses animais (McDermott, 2001).

 

Como citar esta lista:

MENDES, CB. 2021. Lista de Nemertíneos do Ceará. Fortaleza: Secretaria do Meio Ambiente do Ceará. Disponível em https://www.sema.ce.gov.br/fauna-do-ceara/invertebrados/nemertea.  Acessado em:  [data] 

 

 

EQUIPE TÉCNICA

Msc. Cecili Barrozo Mendes – (Universidade de São Paulo)

Coordenadora da Lista de Nemertea

 

Fotos: