Ceará terá o primeiro Observatório Costeiro Marinho do Nordeste

17 de março de 2022 - 08:50

 

O Observatório Costeiro Marinho do Ceará (OCM-Ceará) foi lançado na manhã desta quarta, 16 de março, durante solenidade virtual transmitida pelo YouTube da Secretaria do Meio Ambiente (SEMA). O projeto,  uma realização do Governo do Ceará, desenvolvido pela SEMA, no âmbito do Programa Cientista Chefe Meio Ambiente, é o primeiro Observatório da Região Nordeste e o primeiro do Brasil  que vai ser institucionalizado por lei. Inicialmente, a sede do OCM Ceará será no Instituto de Ciências do Mar (Labomar), da Universidade Federal do Ceará.

Para o titular da Sema, Artur Bruno, o Observatório é uma ferramenta de grande importância para o Ceará, que tem um  grande litoral, com 573 km² de costa e área marinha de 249 mil  km², maior do que todo o território terrestre do Estado, que tem 149 mil km². “O Ceará Azul é muito grande e nós precisamos conhecer melhor. Portanto, a inovação é primordial e o Programa Cientista Chefe faz essa integração com as universidades e com todos que estão produzindo conhecimento”, disse.

O atual Coordenador do Programa Cientista-chefe Meio Ambiente, Luís Ernesto Arruda Bezerra, afirmou que a criação de um Observatório Costeiro Marinho revela a sua importância, dentre outros motivos óbvios, pela presença de dezenas de instituições, desde órgãos  governamentais, passando por instituições de ensino, de pesquisa, pelo setor produtivo e o terceiro setor. Segundo o coordenador,  é essa grande interação que vai permitir  pensar a  nossa zona costeira marinha, identificar problemas, conflitos e buscar soluções. “O lançamento  do OCM-Ceará não é nada mais do que o Ceará olhando para si e resolvendo seus problemas pela ciência”, afirmou.

 

Primeiro do Brasil

Quem também participou do lançamento virtual foi o Professor Marcelo Soares. Ele coordenou o Cientista Chefe Meio Ambiente de 2020 a 2021 e atualmente encontra-se fazendo pesquisa na Alemanha. Marcelo fez questão de destacar que além de ser o primeiro Observatório Marinho do Nordeste, é o primeiro do Brasil que vai ser institucionalizado por meio de uma lei. “É algo único: eu vejo o nosso Observatório como um grande hub que vai  ser uma ponto focal dessa consolidação de informações que vão servir tão bem para a tomada de decisões do nosso governo”, declarou.

O Coordenador Científico do Planejamento Costeiro e Marinho do Ceará, Dr. Eduardo Lacerda Barros, apresentou o OCM-Ceará. “O seu principal objetivo é organizar informações, realizar estudos e análises capazes de subsidiar às esferas públicas e privadas, bem como a comunidade, ações que contribuirão para uma melhor gestão da zona marinha e costeira do Ceará, além de realizar a ligação entre a produção acadêmica e a sociedade em geral”, disse.

“O OCM-Ceará se destaca como a primeira no Brasil dentre os 17 estados costeiros, que de modo geral e de forma integrada, une a academia, a gestão pública, a sociedade civil e a sociedade privada para auxiliar na tomada de decisão em uma Zona Costeira e Marinha”, explicou Lacerda. Inicialmente, o Observatório irá atuar em quatro linhas temáticas: Mudanças climáticas e impactos costeiros; Economia do mar; Protagonismo social das comunidades costeiras; e Riscos à biodiversidade marinha e costeira.

O OCM-Ceará ficará sob a coordenação do Prof. Dr. Fábio de Oliveira Matos, do Labomar/UFC. “Trata-se de um espaço de diálogos, composto por pessoas e para pessoas”, disse. O projeto começou  no início da Década do Oceano (2021-2030), com foco no Objetivo do Desenvolvimento Sustentável (ODS) 14, que visa conservar e usar de forma sustentável os oceanos, mares e recursos marinhos para o desenvolvimento  com sustentabilidade.

 

Notável

Representante da Década da Ciência Oceânica ou Década do Oceano, da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), Glauco Kimura de Freitas parabenizou o Governo do Ceará pelo protagonismo nas políticas públicas voltadas para o Oceano. “É algo notável, é um Estado que acredita na ciência e estabelece as pontes com o conhecimento científico, para as tomadas de decisão”, declarou, fazendo referência aos projetos desenvolvidos  dentro do Programa Cientista Chefe (Funcap/Sema/Semace).

O economista Célio Fernando Bezerra Melo, Secretário Executivo de Regionalização e Modernização do Governo do Ceará, lembrou que em junho, em Lisboa, acontece a Conferência dos Oceanos e o Ceará se prepara de maneira ordenada e científica para participar do evento e ser um dos protagonistas. “Queremos estar muito fortes e presentes”, disse. De acordo com a ONU, a conferência é um apelo à ação pelos oceanos – exortando os líderes mundiais e todos os decisores a aumentar o investimento em abordagens científicas e inovadoras, bem como a empregar soluções baseadas na natureza para reverter o declínio na saúde dos oceanos.

 

Saiba mais

OCMCeará irá beneficiar a população cearense residente nos 23 municípios da Zona Costeira e uma série de entidades que dependem direta e indiretamente da manutenção e conservação da Zona Costeira e do Ambiente Marinho do Ceará. Destaca-se também que parte dessa população que vive nesses/ou próximos desses ambientes encontram-se em situação de vulnerabilidade e riscos ambientais, e que estão envolvidas nos processos produtivos da Economia do Mar, entre ele: a pesca, a aquicultura, o turismo, a produção de energia renovável, os transportes marítimos, dentre outros.

O Ceará tem um alto potencial de crescimento nessa área como nos esportes náuticos, hidrogênio verde, dessalinização, energia eólica offshore, dentre outros. Entretanto, para que seja possível esse desenvolvimento sustentável é fundamental um planejamento para a tomada de decisões com base científica, o OCMCeará terá um grande papel e missão nesse quesito.