Educação ambiental pode evitar e combater caça e tráfico de animais silvestres

3 de junho de 2020 - 16:08

Proibida desde 1967, a caça de animais silvestres nunca deixou de existir no Brasil e é um dos principais fatores que levam à extinção de espécies ameaçadas. Por isso, a terceira live da Semana do Meio Ambiente 2020/SEMA, ocorrida na manhã desta quarta-feira (3/6), tratou da caça e tráfico de animais silvestres. Iniciada segunda-feira, primeiro de junho, a Semana é alusiva ao Dia Mundial do Meio Ambiente, comemorado em 5 de junho. A transmissão aberta ao público, via Facebook e Instagram, contou com a participação do secretário Artur Bruno.

O titular da SEMA deu as boas vindas aos palestrantes, aos internautas e a boa notícia de que já está sendo tratada a elaboração do “Livro Vermelho” da fauna cearense. “Assim, vamos saber como estão as nossas espécies e que políticas precisamos adotar para preservar as mesmas”, disse. Em seguida a moderadora do encontro virtual, a Gestora Ambiental, da Coordenadoria Estadual de Proteção e Defesa dos Animais (Coani/SEMA), deu a palavra aos convidados.

.Na primeira apresentação, o coordenador de Conservação da ONG Associação Caatinga, Gilson Miranda, lembrou que o tráfico de animais começou com a chegada dos colonizadores em terras brasileiras. “Araras, papagaios e periquitos foram levados daqui para o Rei de Portugal”, contou. “Já em 1530, o navegador Cristóvão Pires levou 70 aves de penas coloridas”, completou.

O Brasil é considerado o país com a maior diversidade biológica do planeta. Estima-se que ocorrem cerca de 700 espécies de mamíferos, 1901 de aves e 721 de répteis (CBRO, 2014; MMA, 2014), contudo, sua biodiversidade encontra-se seriamente ameaçada. Em áreas de Caatinga, a caça é considerada uma ameaça à fauna e ao equilíbrio ecológico. Daí a missão da ONG de “promover a conservação das terras, florestas e águas da Caatinga para garantir a permanência de todas as suas formas de vida”.

“É preciso parar”

Para o Subcomandante da 2ª CIA/BPMA, Ten. Paulo Yrtonny, que fez a segunda explanação da live, “é preciso parar a caça predatória”. No Brasil, a cada ano, milhares de animais silvestres são vítimas da caça e tráfico. “O nosso propósito maior é a educação ambiental e com ela, mudar essa cultura”, disse. “É com reeducação ambiental que vamos poder evitar que a nossa fauna seja dizimada”, destacou.

Segundo o tenente, as operações à caça predatória da Policia Militar do Ceará – Batalhão de Polícia do Meio Ambiente vêm apresentado bons resultados. “A fiscalização está sendo efetiva”, ressaltou. Ele apresentou dados da Secretaria de Segurança Pública mostrando que de 2018 até o início deste ano, 794 armas de fogo foram apreendidas e 16.430 animais silvestres resgatados.

Foram montadas operações em vários municípios o que propiciou a apreensão de armas e a efetivação de prisões. Ao ponto dos policiais encontrarem em Jaguaribe, locais de apoio para caçadores que enviavam a carne, resultante da caça, para consumo em Fortaleza. As operações são possíveis graças a “grande parceria” do BPMA com a sociedade. “As pessoas já estão mais conscientes do impacto da caça no meio ambiente e nos passam informações”, explicou.

O fiscal ambiental, da Superintendência Estadual do Meio Ambiente (Semace), Roberto Cavalcante, informou que o ato de caçar, além de ser crime ambiental é um crime administrativo. “O infrator recebe multa pecuniária de R$ 500,00”, disse. “Se for animal de espécie em lista de extinção, a multa vai para R$ 5 mil”, completou. O IBAMA, o ICMBio e a Semace podem multar. “Mas já está em tratativa a possibilidade da Polícia Ambiental também lavrar documentos administrativos e emitir multas”, explicou.

Cetras do Ceará

Outra boa notícia dada na live, veio da SEMACE. O Governo do Estado vai criar o primeiro Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetras) no Ceará. “É um equipamento importantíssimo para receber os animais apreendidos” afirmou o fiscal. “Vai ser no Crato, o municípios tem muita demanda de animais apreendidos”, contou. Hoje só temos o Cetras do IBAMA.

“Lá eles são preparados para serem reinseridos à natureza”, encerrou. O projeto do Cetras da segue o cronograma estabelecido, mesmo durante o decreto estadual de isolamento social. O equipamento terá estrutura para receber animais silvestres resgatados de situações de ameaça, abandono ou maus tratos de todo o estado. Depois de acolhidos e tratados, poderão ser devolvidos à natureza.

A Semana do Meio Ambiente continua amanhã, quarta-feira , dia 4,com a live, “A relação das lagoas interdunares com o turismo”. Trará como convidado especial o geógrafo Jeovah Meireles, professor do Departamento de Geografia e de Pós-Graduação em Geografia e Desenvolvimento e Meio Ambiente, da Universidade Federal do Ceará UFC e contará com a participação do titular da SEMA, Artur Bruno.

SERVIÇO
Live: A relação das lagoas interdunares com o turismo
Dia: 4 de junho (quinta-feira)
Hora: 10h, com transmissão aberta ao público pelo Facebook e Instagram da SEMA.