Mata Atlântica: Ceará reduz desmatamento e mais uma vez fica em primeiro lugar

27 de maio de 2019 - 14:35

Liderança reflete a forte presença e o cuidado institucional do Estado dedicado à questão e o impacto positivo disso, no controle do desmatamento de forma a garantir a preservação e sustentabilidade do bioma

Animador! O Dia Nacional da Mata Atlântica, comemorado hoje, 27 de maio, chega com uma boa notícia: o desmatamento no Bioma diminuiu 9,3% entre 2017 e 2018 em relação ao período anterior e alcançou a menor taxa registrada na série histórica, que começou em 1985. Os dados são do último Atlas dos Remanescentes Florestais da Mata Atlântica, divulgado em 25 de maio, pela Fundação SOS Mata Atlântica e Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).

O Ceará tem um bom motivo para comemorar os números. Dos nove estados da Mata Atlântica que alcançaram níveis de desmatamento zero, ou seja, desmates abaixo dos 100 hectares (1 km²), o Estado aparece em primeiro lugar (7ha). Na sequência vem Alagoas (8 ha), Rio Grande do Norte (13 ha), Rio de Janeiro (18 ha), Espírito Santo (19 ha), Paraíba (33 ha), Pernambuco (90 ha), São Paulo (96 ha) e Sergipe (98 ha). O bioma é um conjunto de formações florestais que se estende por uma faixa de 1.300.000 km² do Rio Grande do Sul ao Piauí, passando por 17 Estados brasileiros.

No levantamento de 2016 e 2017, o Ceará também apresentou o menor índice (5 ha). Para o titular da Secretaria do Meio Ambiente (SEMA), Artur Bruno, o fato do Estado se manter na liderança, reflete o monitoramento, as ações de fiscalização e a vigilância dos órgãos ambientais e da sociedade, “apoiados” pelo Batalhão de Polícia do Meio Ambiente (BPMA). “As unidades de conservação (UCs) administradas pela SEMA buscam representar o cuidado institucional dedicado pelo governo Camilo Santana à natureza do nosso Estado e ao desenvolvimento de uma sociedade sustentável”, disse.

Planos Municipais

Quando mantemos a floresta em pé, estamos garantindo vida e conservação da biodiversidade”, comenta Bruno. “No Ceará temos fragmentos de Mata Atlântica e seus ecossistemas associados, como os manguezais e matas de tabuleiro”, completa. O bioma ocupa uma área total de 1.873 km² e está localizada de maneira dispersa em dez regiões do território cearense: Chapada do Araripe, Litoral, Chapada do Ibiapaba, Serra da Aratanha, Serra de Baturité, Serra do Machado, Serra das Matas, Serra de Maranguape, Serra da Meruoca e Serra de Uruburetama, ocupando total ou parcialmente 67 municípios.

A gestora, Patrícia Jacaúna, da APA da Serra de Baturité, caracterizada por uma vegetação de mata atlântica e a primeira e mais extensa área de proteção ambiental (32.690 ha), criada pelo Governo do Estado, destaca a importância da aplicação da Lei da Mata Atlântica. “Faz parte do dia a dia da gestão da unidade de conservação discutir essa legislação, em especial com os integrantes do Conselho da APA”. Desde 2006, a Mata Atlântica conta com a lei federal que detalha quais tipos de atividades são permitidos no Bioma e como sua proteção deve ser feita.

Aqui na APA, de acordo com as diretrizes do Governo Estadual, estamos sempre buscando estratégias para garantir a preservação e sustentabilidade do bioma e uma delas é a elaboração dos Planos Municipais da Mata Atlântica (PMMA)”, disse. A gestora relatou que em 2015 o processo de reestruturação do Comitê Estadual da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica foi retomado e tendo como uma de suas principais metas, apoiar os municípios cearenses na elaboração dos citados planos.

Remanescente

Para o diretor de políticas públicas da Fundação SOS Mata Atlântica, Mario Mantovani, o resultado, com números tão “expressivos” referentes ao controle do desmatamento, “só foi possível graças ao envolvimento da sociedade”. Ainda assim, 113 quilômetros quadrados do bioma foram destruídos entre 2017 e 2018, de acordo com a SOS. De toda a sua área original restam 12,4% de mata nativa distribuída em “manchas” pelo território brasileiro – a maior parte delas, 80%, em propriedades privadas.

Desde o descobrimento do Brasil, a floresta que um dia foi chamada de “Grande Muralha”, continua sob forte pressão antrópica em virtude de fatores que põem em risco as tentativas de preservação e conservação da mesma. Atualmente, são 160 mil quilômetros quadrados de floresta remanescente, habitat de 15 mil espécies de plantas e mais de 2 mil animais vertebrados, e onde vive cerca de 145 milhões de brasileiros. Quando o monitoramento foi iniciado na década de 1980, um campo de futebol de Mata Atlântica era perdido a cada quatro minutos.