Ceará apresenta painel na COP30 sobre restauração da Caatinga

13 de novembro de 2025 - 11:28 # # # # #

 

A Secretaria do Meio Ambiente e Mudança do Clima e a Superintendência Estadual do Meio Ambiente (Semace) apresentaram nesta quinta-feira o painel “Recaatingamento e restauração da Caatinga”. O evento integrou a programação da Zona Verde da 30ª Conferência das Partes das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30), inserido do Estande Brasil Nordeste do Consórcio Nordeste.

O Ceará foi representado pela Secretária do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Vilma Freire; a procuradora autárquica da Semace e coordenadora do Grupo de Trabalho de Recaatingamento do Governo do Estado do Ceará, Luciana Barreira e Vanessa Alencar, representante da Coordenadoria de Biodiversidade (Cobio/Sema).

“Definimos o recaatingamento como tema prioritário para a COP e construímos o debate de forma ampla, envolvendo diversos órgãos do Governo do Estado do Ceará. Estamos felizes em trazer para a COP uma discussão que foi amplamente construída no Ceará, desde o setor social ao setor produtivo”, ressaltou Vilma Freire, titular da Sema.

Durante o painel, Luciana apresentou as ações desenvolvidas pelo Grupo de Trabalho (GT) de Recaatingamento, criado pelo Governo do Ceará no âmbito da Secretaria do Meio Ambiente e Mudança do Clima (Sema), com o propósito de propor medidas integradas de combate à desertificação, recuperação de áreas degradadas e valorização do bioma Caatinga.

“A importância do recaatingamento é justamente trazer a Caatinga para o centro dos debates, levar o bioma para que as pessoas possam conhecer o seu valor e sua relevância para a captura de carbono, para o avanço na mitigação e adaptação climática, e para que ela possa atrair o financiamento climático que subsidiará ações de proteção e recuperação”, destacou Luciana.

Vanessa Alencar, técnica da Sema, explicou como as Unidades de Conservação são estratégicas para enfrentamento das mudanças climáticas e para a preservação do bioma da Caatinga. Ela destacou a criação de Unidades de Conservação (UCs) como um importante recurso no enfrentamento aos impactos climáticos e no ordenamento do território. Atualmente a Sema está em processo de criação de novas UCs na Caatinga.

Grupo de Trabalho de Recaatingamento

Instituído pela Secretaria do Meio Ambiente e Mudança do Clima (Sema), o GT de Recaatingamento é coordenado por Luciana Barreira e reúne representantes de diversos órgãos e entidades estaduais, como a Secretaria do Meio Ambiente e Mudança do Clima (Sema), a Superintendência Estadual do Meio Ambiente (Semace) e a Secretaria do Planejamento e Gestão (Sepa).

O grupo também conta com a participação de organizações da sociedade civil, como o Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (IPECE) e a Associação Caatinga (ACAATINGA), além de professores e pesquisadores da Universidade Federal do Ceará (UFC), da Universidade de Fortaleza (Unifor) e da Universidade Estadual do Ceará (Uece).

O grupo elaborou um projeto de Recaatingamento que está sendo apresentado durante as discussões da COP30. A proposta está alinhada à meta assumida pelo Brasil no Acordo de Paris (2015), que prevê a recuperação de 12 milhões de hectares de florestas até 2030.

O objetivo é restaurar áreas de preservação permanente (APPs) e de reserva legal (RL) degradadas em pequenas propriedades rurais familiares, promovendo o plantio de espécies nativas, o apoio à implantação de sistemas agroflorestais e a educação ambiental participativa.

“O recaatingamento surge como uma proposta destinada a restaurar a vegetação nativa e garantir os meios de vida dos povos da Caatinga. Também representa uma medida de transição energética justa no semiárido, ao direcionar reposições florestais de empreendimentos eólicos e solares para a recuperação de áreas degradadas em pequenas propriedades rurais”, pontuou a procuradora da Semace.

Importância da Caatinga

A Caatinga é o único bioma exclusivamente brasileiro e predomina no Nordeste, ocupando cerca de 10% do território nacional. É o bioma semiárido mais biodiverso do mundo e tem papel essencial na captura e retenção de carbono da atmosfera, sendo responsável por até 50% do CO₂ absorvido no país.

Além da relevância ambiental, o bioma tem forte dimensão social, abrigando cerca de 32 milhões de pessoas, a maioria dependente de seus recursos naturais. No entanto, enfrenta processos de degradação e desertificação agravados pelas mudanças climáticas.