No Ceará, governadores do Nordeste apresentam plano de transformação ecológica e anunciam chamada pública bilionária para industrialização na região
18 de setembro de 2025 - 09:48
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Isabella Campos – Ascom Casa Civil – texto
Carlos Gibaja e Estácio Jr. – fotos
Anúncio ocorreu durante a COP Nordeste, nessa quarta-feira (17), com a presença do governador Elmano de Freitas. Projetos submetidos preveem investimento total de R$ 127,85 bilhões. Ceará vai receber R$ 24,7 bilhões
O governador Elmano de Freitas participou, nessa quarta-feira (17), da Mesa Institucional de Governadores e Governadoras do Nordeste, durante a COP Nordeste, sediada no Centro de Eventos do Ceará, em Fortaleza. Na ocasião, os governadores da região apresentaram o Plano Brasil Nordeste de Transformação Ecológica, assinaram o Acordo de Cooperação Técnica entre o Consórcio Nordeste e a Convenção das Nações Unidas de Combate à Desertificação (UNCCD) e anunciaram uma chamada pública para industrialização, reforçando o compromisso da região com o meio ambiente, a transformação ecológica e o desenvolvimento.
Além do governador Elmano de Freitas, também participaram da mesa institucional os governadores do Piauí, Rafael Fonteles, que também é o atual presidente do Consórcio Nordeste; da Bahia, Jerônimo Rodrigues; do Rio Grande do Norte, Fátima Bezerra; o vice-governador de Alagoas, Ronaldo Lessa; a vice-governadora de Pernambuco, Priscila Krause; o vice-governador da Paraíba, Lucas Ribeiro; o presidente do Banco do Nordeste, Paulo Câmara; o superintendente da Sudene, Francisco Ferreira Alexandre; e outras autoridades.
Com o Ceará se destacando na produção de energia renovável e detendo a vanguarda da produção de Hidrogênio Verde (H2V) na América Latina, Elmano ressaltou o compromisso do estado com a transformação ecológica sustentável.
“É uma alegria muito grande estar aqui com o Consórcio Nordeste, na COP Nordeste, onde estamos nos preparando para a COP 30, em Belém. Aqui tivemos discussões muito importantes sobre o nosso bioma, que é único no mundo, a caatinga. Falamos sobre as iniciativas que precisamos fazer, e entendemos que temos unidade no Nordeste para o novo desenvolvimento da nossa região, que envolve transição energética com justiça social e uma nova indústria que queremos construir”, afirmou o governador.
Governadora do Rio Grande do Norte, Fátima Bezerra, no momento, a mais antiga no Consórcio, destacou a importância do momento para os nove estados da região diante da COP30 – que será sediada no Brasil. “Esse é um momento muito importante para nós do Nordeste. Aqui, podemos mostrar, juntos, o potencial da região. Uma região que é reconhecida na transformação ecológica. O Nordeste se apresenta, para o Brasil e para o mundo, não como um problema, mas como uma solução para esse mundo sustentável”, pontuou.
Chamada Nordeste
Os governadores do Nordeste, durante o evento, também lançaram o Chamada Nordeste, que consiste em uma chamada pública para o fomento à industrialização da região. A iniciativa prevê orçamento mínimo de R$ 10 milhões, contemplando desde a instalação de infraestrutura e aquisição de equipamentos até capital de giro e atividades de Pesquisa, Desenvolvimento & Inovação (PD&I).
Os projetos submetidos preveem um investimento total de R$ 127,85 bilhões, um montante quase 13 vezes superior aos R$ 10 bilhões estimados inicialmente para a chamada. No caso do Ceará, a fatia é de R$ 24,7 bilhões a serem investidos. O presidente do Consórcio Nordeste, Rafael Fonteles, ressaltou a importância desse investimento para o Nordeste.
“Hoje é um dia histórico para o Nordeste, porque nós avisávamos que o Nordeste precisa de uma reparação em relação à linha de crédito disponível para projetos de empresas na nossa região”, declarou Rafael Fonteles. “Essa Chamada Nordeste demonstrou que nossa região não tem falta de projetos, mas o que faltava era um olhar mais específico. Os projetos existem e precisamos corrigir essa distorção histórica. A nosso pedido, temos o Chamada Nordeste, com olhar setorial e regional”, completou.
O fomento tem parceria de instituições financeiras de fomento, como: Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), Banco do Brasil (BB), Banco do Nordeste (BNB) e Caixa Econômica Federal. Além disso, conta com o apoio técnico da Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene).
Presidente do BNDES, Aloizio Mercadante – que participou do encontro de forma virtual – falou sobre o sucesso do Chamada Nordeste e afirmou o compromisso com o investimento na região. “Nós pegamos o que temos de melhor em linha de crédito e oferecemos ao Nordeste e o nosso resultado foi espetacular. Nós tivemos uma demanda de R$ 127,8 bilhões em projetos apresentados. O resultado é extraordinário. Estamos coesos para fazer o melhor trabalho e apresentar o melhor resultado”.
A proposta abrange áreas estratégicas como energias renováveis – com foco em armazenamento -, bioeconomia – com foco em fármacos, descarbonização – com foco em Hidrogênio Verde (H2V), data center verde e automotiva – incluindo máquinas agrícolas. Foram recebidos 91 projetos na área de energias renováveis; 57 projetos na área automotiva; 53 projetos na área de H2V; 52 projetos para área de data center verde e 52 projetos na área de bioeconomia.
Transformação ecológica do Nordeste
Com olhar para as especificidades da região, o Consórcio Nordeste lançou o Estratégia Brasil Nordeste, versão nordestina e territorializada do Plano de Transformação Ecológica, elaborado pelo Ministério da Fazenda e lançado em 2023. O plano aponta caminhos para um desenvolvimento mais sustentável e justo, e foi realizado através de colaboração popular dos nove estados, por meio de ação coletiva, guiado pelos princípios da equidade, da sustentabilidade e da inclusão produtiva.
Representando o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, a secretária-executiva do Ministério da Fazenda e presidente do Conselho de Administração do Banco do Nordeste, Sávia Gavazza dos Santos, falou sobre a felicidade pelo momento. “É uma honra estarmos aqui hoje. Essa agenda transforma a necessidade de descarbonização da economia em oportunidade de desenvolvimento socioeconômico. Esse é um plano de desenvolvimento econômico com uma nova relação com o meio ambiente”.
O compromisso foi orientado por dez diretrizes: transformar para as pessoas; liderar a transição energética justa; impulsionar a neoindustrialização sustentável; promover a bioeconomia e a agricultura sustentável; fortalecer a educação, a ciência e a inovação verde; ampliar a economia circular e a gestão de resíduos; garantir a segurança hídrica e a adaptação climática; preservar a biodiversidade e valorizar o turismo sustentável de base comunitária; integrar investimentos sustentáveis e fortalecer o protagonismo internacional; e conduzir a transformação ecológica com transparência e participação.
Para representar o compromisso com o meio ambiente e transformação ecológica, a reunião do Consórcio Nordeste ocorreu dentro da 3ª Conferência Internacional sobre Clima e Desenvolvimento em Regiões Semiáridas (ICID 2025). Representando o movimento científico e o ICID 2015, o secretário nacional de Ciência e Tecnologia para o Desenvolvimento Social do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação do Brasil (MCTI), Inácio Arruda, comentou esse compromisso.
“Essa é uma preliminar da nossa participação ativa na COP 30. A existência dessa convenção faz com que os olhos do mundo enxerguem as regiões semiáridas, desérticas e de terras secas. Nessas regiões vivem pessoas que não querem sair dessas regiões, que querem viver nesse espaço, querem energias renováveis para essas áreas, agricultura sustentável, mineração sustentável e que sabem que essa riqueza pode ser acolhida pelos investimentos públicos e privados”.
Junto ao compromisso ecológico, os governadores do Nordeste também assinaram Acordo de Cooperação Técnica entre o Consórcio Nordeste e a Convenção das Nações Unidas de Combate à Desertificação (UNCCD). No acordo, fica garantida a realização de estudos e pesquisas relacionadas ao desenvolvimento sustentável das terras secas, incluindo desertificação, mitigação da seca, agricultura resiliente e manejo sustentável do solo e da água; a troca de experiências e boas práticas, com foco em políticas e ações bem-sucedidas para a convivência com ambientes semiáridos; a promoção e implementação de projetos, estudos e iniciativas conjuntas que apoiem o desenvolvimento das terras secas; e a organização e participação em eventos, como seminários, reuniões e painéis, em âmbito nacional e internacional.
O governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues, comemorou o momento histórico vivido pelo Consórcio Nordeste. “É um grande orgulho participar desse momento. Esse evento deixa a mensagem que o Consórcio, cada vez mais, fortalece a imagem geopolítica do Nordeste no cenário nacional”, finalizou.