Sema participa da 6ª edição dos Diálogos pelo Clima e destaca a importância da participação da Caatinga na COP30
16 de setembro de 2025 - 13:37 #Caatinga #COP30 #Diálogos pelo Clima #PAE #PAE-CE
Na manhã desta terça-feira (16), a secretária executiva de Planejamento e Gestão Interna, Karyna Lea, da Secretaria do Meio Ambiente e Mudança do Clima (Sema), representou o governador Elmano de Freitas, na abertura da sexta edição dos Diálogos pelo Clima, um circuito de debates técnico-científicos promovido pela Embrapa em preparação para a COP30. O evento ocorreu no contexto da 3ª Conferência Internacional sobre Clima e Desenvolvimento em Regiões Semiáridas (ICID III), no Centro de Eventos do Ceará.
Na ocasião, a executiva citou palavras do governador Elmano, que descreveu a ICID III como “um espaço singular de diálogo, ciência e cooperação e nada mais apropriado do que acontecer no Ceará”. Ela destacou a capacidade do estado de “transformar os desafios da seca em oportunidades de inovação e desenvolvimento sustentável” e o papel da Sema neste contexto.
De acordo com Karyna, enfrentar a desertificação é um grande desafio e a Sema busca integrar esforços e soluções inovadoras que conciliam adaptação, mitigação e participação social. “Trata-se de um processo que se agrava mais ainda em decorrência das mudanças climáticas. Portanto, é urgente a implementação de ações, evitando-se atingir níveis irreversíveis de deterioração”, alertou. Ela destacou que 92% do território cearense é coberto pelo bioma Caatinga.
Dentre as ações estratégicas da Sema para enfrentar o problema, ela destacou a revisão do Plano Estadual de Combate à Desertificação e Mitigação dos Efeitos da Seca (PAE-CE). “O objetivo global do PAE-CE é contribuir para a convivência equilibrada com o semiárido, por meio da sustentabilidade ambiental do bioma Caatinga, a partir de políticas ambientais, sociais e econômicas, focadas na redução da pobreza”, explicou. Citou também o Plano ABC+Ceará e a parceria com o ICLEI na construção do Inventário de emissões do estado.
Vozes das terras secas
O diretor do ICID III, Antônio Rocha Magalhães, ressaltou que a discussão sobre a Caatinga é parte de um processo mais amplo que culminará na COP30, Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC), novembro próximo, em Belém. “Esperamos que as vozes das terras secas sejam ouvidas e que suas necessidades sejam atendidas nas decisões que moldarão o futuro”, afirmou. Ele lembrou ainda, que desde a criação da Convenção em 1992, o Brasil tem se engajado em esforços para combater a desertificação e promover a biodiversidade, especialmente em regiões semiáridas como o Nordeste.
A diretora de Inovação, Negócios e Transferência de Tecnologia (DINT) da Embrapa, Ana Euler, compartilhou sua experiência recente na África, onde participou do evento “África Climate Summit”, ressaltando a expectativa dos países africanos em relação ao Brasil e sua capacidade de liderar diálogos em um contexto de geopolítica global. “É impossível falar de mudanças climáticas sem abordar sistemas alimentares resilientes”, disse, enfatizando que a agropecuária brasileira tem um papel significativo nas emissões globais de gases de efeito estufa.
Euler também fez um convite aos participantes para que contribuam com um documento que será enviado ao presidente da COP, reunindo as soluções e prioridades discutidas durante a ICID III. “Precisamos unir esforços para garantir a soberania alimentar e climática do nosso país”, concluiu, destacando a importância de um trabalho colaborativo entre governo, sociedade e setor privado.
Saiba mais
Após a abertura oficial do encontro, o coordenador do Fórum de Governança Climática e Desenvolvimento (FGCD) da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e enviado especial da COP30 para a biodiversidade, Marcelo Behar, fez uma apresentação sobre sua visão de como o Brasil pode inspirar o mundo com respostas inovadoras e sustentáveis para a crise climática. Em seguida, Sérgio Xavier, também enviado da COP30 e coordenador executivo do Fórum Brasileiro de Mudança do Clima, apresentou uma análise técnica sobre os desafios da mudança climática para o bioma Caatinga.
A programação da manhã, da sexta edição dos Diálogos pelo Clima, incluiu ainda uma mesa-redonda com representantes do Instituto Federal do Ceará (IFCE), do Conselho da Reserva da Biosfera da Caatinga, do Instituto Federal da Paraíba (IFPB), da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), da Articulação do Semiárido Brasileiro (ASA Brasil) e da Coopercuc, cooperativa de agricultores familiares da Bahia. O debate abordou temas como bioeconomia, agricultura familiar, resiliência, pecuária e uso sustentável das florestas.