Palestrantes alertam que renováveis estão avançando sobre a Caatinga e o mar
18 de junho de 2024 - 17:30
O segundo painel desta terça-feira (18), do segundo dia do Seminário Ceará pelo Clima, tratou das “Vulnerabilidades Climáticas do Ceará e a Mitigação e Adaptação”. Moderado pelo coordenador da Associação Caatinga, Daniel Fernandes, o assunto versou muito em torno do bioma Caatinga. Ele fez uma referência ao Dia Mundial de Combate a Desertificação, celebrado segunda, dia 17. “Em um ano perdemos uma área de Caatinga, do tamanho de Fortaleza”, afirmou.
O palestrante Alexandre Pires, diretor de Combate à Desertificação do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), destacou o desmatamento da Caatinga para a implantação de parques solares. Segundo Pires, não podemos ter orgulho por termos grandes parques eólicos ou solares as custas do desmatamento do bioma. “Não tem como avançar em renováveis sem escutar as populações tradicionais. Estão destruindo a Caatinga e os povos que vivem nesse território”, disse. “Não temos espaços para contradições”, completou.
Ainda sobre a Caatinga, Pires destacou que o Ceará está todo distribuído no Semiárido. “É urgente pensar que 97% do território do Ceará está susceptível à desertificação, a exceção da Região Metropolitana de Fortaleza”, alertou. Também fez uma referência a escalada de perda de água no planeta. “As áreas sub úmidas têm aumentado sobre as áreas úmidas”, apresentou no mapa.
De acordo com Eduardo Sávio, presidente da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídrico (FUNCEME),o principal desafio no combate a desertificação passa pela questão das escalas: federal, estadual e municipal. “Estamos agindo sem organicidade. É importante buscar o conhecimento”, disse. Ele sugeriu a criação de uma base de dados com experiências do terceiro setor, por exemplo. “Essas questões precisam sair da intenção e criar mecanismos para melhorar a efetividade das respostas”, encerrou.
O professor Marcelo Soares, doutor em Geociências, disse que ao falar sobre mudança climática não podemos deixar de falar dos oceanos e nem daqueles que estão em vulnerabilidade econômica, social e climática. “No Ceará temos 18% da população vivendo na miséria, no Brasil, 1.241 municípios com risco climático e Fortaleza está nessa lista em situação de alto risco”, alertou. Além de Fortaleza, estão mais 12 municípios cearenses e 80% dos municípios brasileiros não têm plano para enfrentar as emergências climáticas.
O pesquisador que já foi coordenador do Programa Cientista chefe do Meio Ambiente SEMA/FUNCAP informou que a temperatura do mar do Ceará, aumentou um grau em 20 anos causando impactos sobre os nossos corais. Ele apresentou imagens de corais no Litoral cearense. “O coral é a nossa floresta marinha”, disse. Encerrou sua fala, dizendo que é preciso buscar soluções na natureza para enfrentar as mudanças climáticas.