Exemplos de produção agrícola sustentável no semiárido é tema de oficina virtual

30 de outubro de 2020 - 18:15

Na manhã desta sexta-feira (30), às 9h, os trabalhos da oficina virtual “Alternativas ao Uso do Fogo na Agricultura”, com foco na Caatinga e Mata Atlântica, foram retomados. Essa segunda etapa da oficina teve como objetivo, demonstrar, “na prática, que existem alternativas sustentáveis, que possam garantir a sustentabilidade das unidades de produção familiar, através do uso sustentável dos recursos naturais nos Biomas Caatinga e Mata Atlântica”, o moderador, Genario Azevedo, educador ambiental da Secretaria do Meio Ambiente (SEMA), ao abrir o encontro. Ele também fez referência à etapa ocorrida na tarde de quinta-feira (29), com a participação do titular da SEMA, Artur Bruno e do presidente da Comissão de Meio Ambiente da AL, deputado estadual Acrísio Sena (PT).

O técnico da Embrapa Caprinos – Sobral, Francisco Eden Pair Fernandes, apresentou a tecnologia de manipulação da vegetação denominada de “Rebaixamento e raleamento da Caatinga em projetos de sustentabilidade”. De acordo com Pair, consiste em toda e qualquer modificação induzida pelo homem na cobertura florística de uma área, para adequá-la aos objetivos de uso da terra. “Promove inovação social nas diversas localidades”, disse. Em seguida a técnica Elizabeth Carvalho, da Secretaria de Desenvolvimento Agrário (SDA), compartilhou a experiência do Projeto São José – Produção Sustentável na Agricultura.

Joaquim Dantas Vilar apresentou um case referência nacional, a Fazenda Carnaúba, em Taperoá, Cariri paraibano. Diante das adversidades do semiárido, ele destacou o uso da palma forrageira e outras soluções e disse que nemsempre a solução para o Nordeste está na irrigação. “Todo o desenvolvimento da região é voltado para a irrigação e enquanto gastarmos tempo pesquisando irrigação, o Nordeste vai ficando cada vez mais pobre”, afirmou.

O palestrante Adalberto Alencar trouxe a experiência de agricultores familiares em uma Agricultura Regenerativa com Sistemas Agroflorestais, no Ceará. Ele mora em Estococolmo, na Suiça, e é um dos dirigentes da Fundação CEPEMA e acredita que “mudar é possível”. Ele destacou as mudanças climáticas, denunciando a falta de políticas públicas para a região que contemple a temática. Também destacou a necessidade de regulamentar a questão das sementes crioulas. “Aqui no Ceará, ainda distribuímos sementes híbridas e até transgênicas”, denunciou.

Ronildo Gastromania, da Esplar, organização não governamental, sem fins lucrativos, fundada em 1974, que atua diretamente em municípios do semiárido cearense, desenvolvendo atividades para a agroecologia e da agricultura familiar, destacou os consórcios agroecológicos, “um sistema de policultivo das culturas de algodão, feijão, gergelim, milho que visa geração de renda, segurança alimentar das famílias participantes e a conservação dos recursos naturais”. Ele ressaltou que na Esplar os trabalhos são realizados em redes e fóruns. “Em fóruns, para estar em movimento e rede para nos fortalecermos”, disse.

Encerrando a oficina foi a vez de Vilmar Lermen, pedagogo, agricultor agroflorestal e coordenador geral da Associação dos (as) Agricultores (as) Familiares da Serra dos Paus Doias (Agrodoia), no Cariri, ministrar palestra. Ele trouxe a experiência em Agricultura Sintrópica, que não se utiliza de nada além do que o meio ambiente pode oferecer. A Agrodia é um projeto tão bem sucedido que chega a receber mais de mil visitantes por ano, de vários estados do Nordeste, curiosos em conhecer as experiências de agroecologia.

A engenheira agrônoma da SEMA, Viviane Monte declarou que ficou “muito satisfeita com o resultado das oficinas”. O encaminhamento é sistematizar essas informações em um documento e encaminhar oficialmente a Assembleia Legislativa do Estado do Ceará. “Assim podemos subsidiar a construção de uma proposta que vire política pública”, informou. Em nome do Comitê da Reserva da Biosfera da Caatinga, ela agradeceu a participação de todos.