Alternativas ao uso do fogo na agricultura é tema de oficina virtual

29 de outubro de 2020 - 16:41

A Secretaria do Meio Ambiente (SEMA) e a Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento do Semiárido da Assembleia Legislativa promovem, dias 29 e 30 pximos, a oficina virtual sobre “Alternativas ao Uso do Fogo na Agricultura”, com foco na Caatinga e Mata Atlântica. O presidente da Comissão de Meio Ambiente da AL, deputado estadual Acrísio Sena (PT), realizou a abertura do evento, na quinta (29), às 14h, quando explicou que esta é uma demanda dos próprios agricultores. “Trata-se de um investimento numa mudança de cultura: eles precisam plantar e, ao mesmo tempo, necessitam absorver técnicas sustentáveis para limpeza do terreno”. Na sequência, o titular da SEMA, Artur Bruno, ressaltou que aqueleera um evento fundamental para compatibilizar o desenvolvimento econômico com a preservação do meio ambiente”.

Viviane Monte, técnica da Coordenação Desenvolvimento Sustentável da SEMA, coordenou os trabalhos. O primeiro expositor foi Daniel Fernandes, da Associação Caatinga, que apresentou as riquezas e potencialidades da Caatinga. “A caatinga é responsável por ajudar na conservação da nossa água. O uso adequado do fogo é um processo de educação ambiental para que o sertanejo use recursos sustentáveis, tais como cisterna de placas, meliponicultura, forno solar, compostagem, sistema bioágua (que produz em média 400 litros de água reutilizada por dia)”, explicou.

Em seguida, Margareth Benício, da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme) apresentou o painel “Impactos da Antropização do Bioma Caatinga”, quando mostrou áreas degradadas e susceptíveis à desertificação, decorrentes de desmatamento e queimadas no Ceará. Temos 1.494 municípios vulneráveis à desertificação no Brasil. O Ceará tem praticamente todo seu território suscetível ao processo, sendo as três áreas mais vulneráveis localizadas em Irauçuba/Centro Norte, Inhamuns e Médio Jaguaribe. 11,45% do território cearense está fortemente degradado e isso compromete a produção de alimentos e gera problemas sociais graves, como a redução de renda da população. O desmatamento tem como causas principalmente a expansão de área para pastagem de gado e retirada de lenha. E só temos 7,7% de áreas protegidas”, disse Margareth. Ela encerrou falando sobre algumas técnicas conservacionistas usadas para recuperação da vegetação.

Na sequência, o técnico da Coordenação de Biodiversidade da SEMA, Leonardo Borralho, que também é coordenador do Programa de Prevenção, Monitoramento, Controle de Queimadas e Combate aos Incêndios Florestais (PREVINA) explanou sobre toda legislação existente a respeito. “Existem técnicas de uso de fogo que são permitidos, como os aceiros, por exemplos, que têm caráter conservacionista, devidamente acompanhado pelas instituições competentes”, explicou.

Posteriormente, houve a apresentaçãoA cultura para uso do fogo controlado nas atividades agrícolas”, por Adirson Freitas, da Superintendência Estadual do Meio Ambiente (Semace). Segundo ele, é possível usar o fogo para casos específicos, como, por exemplo, para pesquisa, com autorização do órgão ambiental competente. Adirson apresentou o passo a passo para conseguir a permissão para o uso na Semace. “Há uma documentação exigida e uma taxa de vistoria para o licenciamento que é cobrada somente para propriedades acima de 3ha. A autorização é feita após a análise dos documentos e vistoria”, explicou.

O primeiro dia encerrou com o painel temático com o técnico Kurtis François, coordenador estadual do Prevfogo, do Ibama. Ele exibiu os números de incêndios no Ceará, que em 2019 teve 93 mil hectares incendiados. “Tradicionalmente, no segundo semestre, por conta dos ventos e preparação da terra para o período de plantio durante as chuvas, há uma maior incidência de incêndios no Estado. E o bioma caatinga é extremamente frágil quando atingido”, explicou.

Na manhã desta sexta-feira (30), às 9h, os trabalhos serão retomados e o primeiro painel vai tratar das práticas sustentáveis como alternativas ao uso do fogo na agricultura. “O objetivo é demonstrar que nos biomas Caatinga e Mata Atlântica, por meio do uso sustentável dos recursos naturais, é possível garantir a produção familiar”, explica. Os facilitadores desta etapa do encontro virtual são técnicos da Embrapa e da Secretaria de Desenvolvimento Agrário (SDA). A oficina será encerrada com a apresentação de experiências bem-sucedidas nos dois biomas. Durante os dois dias de oficina, os internautas terão espaço para interagir com os facilitadores.