Comunidade Tradicional no Parque do Cocó tem oficina de iniciação à Meliponicultura

13 de outubro de 2020 - 16:31

Sábado, dia 10, a Comunidade Tradicional da Casa de Farinha no Parque Estadual do Cocó foi lugar da Oficina de iniciação a Meliponicultura, com o meliponicultor Joaquim Saldanha. Joaquim coordena o projeto Meliponário Parque Escola, no Parque Estadual Botânico do Ceará, em Caucaia, e a iniciativa foi uma parceria entre este projeto, SEMA, Casa de Farinha e Instituto Patativa.

Conhecer mais sobre abelhas sem ferrão era uma vontade antiga da comunidade e o grande número de participantes mostrou isto: foram dez da comunidade, quatro da Comunidade Boca da Barra da Sabiaguaba, dois da Comunidade Olho d’Água e, ainda, dois integrantes do Instituto Patativa, que vem assessorando estas comunidades. Além destes participantes diretos, outras pessoas foram mobilizadas para garantir o funcionamento da oficina e a alimentação de todos durante o dia. A oficina teve também a visita das crianças da Casa de Farinha, curiosas com a novidade.

A meliponicultura nas unidades de conservação tem grande apelo ecológico. A prática e a divulgação são vitais para desestimular a atividade predatória dos ecossistemas e imprescindíveis na conservação da biodiversidade. Há também uma melhora na polinização nas culturas vegetais praticadas pelas populações tradicionais em Unidades de Conservação. Nas comunidades tradicionais que se beneficiaram com a geração local de renda com os produtos das abelhas, isto também proporcionou o fortalecimento da comunidade, com o envolvimento das mulheres e dos jovens e crianças.

A área de antiga salina onde está parte do território da Casa de Farinha vem se recuperando ao longo dos últimos anos. Nisto, a preservação e criação das abelhas nativas ganha importância redobrada para garantir a recuperação com diversidade de espécies. O território tem grande potencial para a instalação de um meliponário já que combina, em um espaço pequeno, vegetação de duna, carnaubais e mangue, com florações e ciclos nem sempre coincidentes. Parte do território está inserido no Parque do Cocó, parte fora.

Embora não pratiquem hoje a criação de abelha e a coleta de mel, esta não é uma prática totalmente estranha para os mais antigos que relembraram, durante a oficina, a criação realizada em cabaça pelos seus pais. O resultado não poderia ser melhor: a disposição de conhecer mais e iniciar a criação racional de abelhas sem ferrão, para o qual será preparado um projeto participativo, mantendo a preocupação de envolver as comunidades próximas.

Para iniciar o processo, uma caixa didática com abelhas jandaíra foi adquirida (pelo Círculo do Mucuripe, do qual o Instituto Patativa é parceiro) para que a comunidade observe o movimento das abelhas, faça perguntas e se acostume com o movimento. Depois disto acordado, o encontro terminou com um breve passeio pela área, observando a recuperação e floração do mangue.

Fotos de Ivo Sousa.