Governo prioriza operação de contenção da mancha de óleo na foz do Jaguaribe e do Curu

29 de outubro de 2019 - 19:56

Na tarde desta terça-feira (29/10), houve reunião do Grupo de Trabalho (GT) de combate à mancha de óleo no Ceará. O secretário do Meio Ambiente do Ceará, Artur Bruno, informou que, no encontro com o governador realizado ontem (28), Sema, Semace, Ibama e Marinha constituíram a Coordenadoria de Operações do Ceará. “O governo do Estado decidiu, desde sexta (25), construir barreiras de contenção para a proteção da foz dos rios Jaguaribe e Curu, posto que o monitoramento informa que são as áreas mais sensíveis que encontram-se sob risco atualmente pela ação do vento e das correntes marinhas”, explicou.

A Semace, até quinta-feira, deve finalizar a instalação das barreiras de contenção na foz do Jaguaribe, com rede de superfície e pelo menos mais quatro metros de profundidade. A Cearáportos está fazendo o mesmo nos 300 metros, de uma margem à outra, na foz do rio Curu. Ceará, Piauí e Maranhão estão bem menos atingidos que os demais estados nordestinos, mas “existe um sofrimento das comunidades tradicionais que vivem da pesca, turismo e da sociedade usuária”, lembrou o secretário. O Instituto Terra Mar, por exemplo, reivindicou a prorrogação de períodos do seguro de defeso da pesca.

O comandante Madson Santana, da Capitania dos Portos, falou sobre o trabalho de monitoramento dos 573km de litoral, que englobam 20 municípios, seis equipes, a partir de 4h30 até o por do sol, por terra, de acordo com a maré. Segundo ele, “a mancha é difícil de identificar quando está longe da costa, pois fica submersa. Temos o apoio das Colônias de Pescadores, que são polos de informação”. A mancha possui um óleo tão denso que algumas vezes é necessário o uso de facões para quebrá-la, daí a ideia das bigbags para recolher o material. 110 bigbags de 1m³ foram doadas pelo Sindiverde e de 10 pela construtora C Rolim na última sexta. A Capitania está recebendo e distribuindo este material nas prefeituras e colônias de pescadores. Houve também doação de 500 tambores metálicos de 200 litros pela Transnordestina para coleta de óleo e resíduos.

A Marinha está usando também um navio patrulha e realizando mergulhos para confirmar a presença da mancha e verificar como ela se move. O trabalho de remoção da mancha inclusive é feito inclusive à noite. “Não encontramos manchas em manguezais. Pedimos à população que evitem reproduzir boatos, pois cada denúncia é verificada in loco e isso demanda tempo e recursos”, solicitou. A Capitania dos Portos pode ser acionada pelo fone 3133.5100.

Estas instituições estão integradas com as prefeituras para dois resolver duas questões: limpar as praias e ajudar as ONGs para atendimento a animais oleados. Uma das preocupações do GT é a organização estrutural para receber voluntários e dar a eles o Equipamento de Proteção Individual (EPI), com as orientações adequadas. Há constantes gestões da Coordenação Operacional do Estado sobre o comando nacional para conseguir equipamentos e EPIs, que foram cedidos pela Petrobras e Semace. Aracati, Icapuí e Fortim receberam primeiro pela urgência. Parte dos EPIs estão sendo distribuídos pelas colônias de pescadores através da Marinha.

Helicópteros do Ciopaer continuam com sobrevoo diários pela costa e o Labomar também disponibilizou navio para as ativiades. A Sema faz a fiscalização nas em Unidades de Conservação estaduais. FUNCEME usa imagens do satélite Sentinel1 para visualizar as manchas em alto mar. A UECE está realizando estudos das amostra do petróleo para pesquisas. Não houve novas ocorrências com animais oleados, que estão sendo recebidos pelas ONGs Aquasis e Verde Vida.

NUTEC e Semace estão analisando condições de balneabilidade, além de solo e alimentos. O teste de balneabilidade e de toxicidade está sendo realizado semanalmente pelos dois órgãos. As regionais da Secretaria de Saúde informou que nenhuma unidade registrou casos de intoxicação. Há preocupação com as comunidades pesqueiras.

Presentes à reunião, representantes da Casa Civil, Sema, Semace, Marinha, Ibama, BPMA, CIPP, CEDEC, DETRAN, Funceme, ICMBIO, Labomar, NUTEC, Uece, Setfor, Setur, Instituto Terramar, MPP, Ministério da Ciência e Tecnologia, Centro de Tecnologia da Informação, Grupo Expedia, Vigilância Sanitária, SESA, Conselho Pastoral dos Pescadores, Cagece, OAB, Assembleia Legislativa, Greenpeace e ONGs Aquasis e Verde Vida.