Novo passeio vai até a foz do rio Cocó

21 de maio de 2019 - 17:01

Em evento restrito à imprensa, a Secretaria do Meio Ambiente do Ceará (SEMA) apresentou o novo passeio de barco pelo rio Cocó. Antes restrito ao trecho entre as avenidas Sebastião de Abreu e Washington Soares – cerca de 1km – por pouco mais de 20min (R$ 10 a inteira e R$ 5 a meia), num barco com até 18 pessoas, o percurso alternativo dura mais de duas horas. Com saída no píer da Sebastião de Abreu, a embarcação percorre 7km até a foz do Cocó, entre as prais do Sabiaguaba e Caça e Pesca e retorna (R$ 300 para 15 pessoas). O titular da SEMA, Artur Bruno, explica que o intuito é fortalecer o processo de educação ambiental e o sentimento de pertença da população em relação ao rio. “Estamos recuperando a navegabilidade do Cocó. Nosso sonho é restaurar sua balneabilidade”, afirmou.

Francisco de Assis Araújo Garcia ou simplesmente, tenente Araújo, comanda a atividade. Desde 1991 ele pilota barcos sobre as águas do Cocó. “Em agosto de 1991 eu formei o Pelotão Ecológico da Polícia Militar do Ceará e comecei a pilotar uma embarcação no Cocó”, conta. Ele fazia patrulhamento na área da BR 116, Caça e Pesca e Castelão.

Araújo conta que o barco é novo, cabe 15 passageiros e foi batizado com o nome de Natureza, em homenagem à riqueza e beleza natural do parque. Segundo ele, um bom percurso que será feito esporadicamente. “É seguro e não depende da maré”, esclarece. Todo o trecho conta com patrulhamento com Polícia Ambiental, em outra embarcação. É uma boa oportunidade para observar as margens do rio e avistar, uma que seja, das 80 espécies de aves que habitam a região, assim como alguma espécie de peixe das 56 que nadam nas águas do Cocó, ou até mesmo, descobrir entre as folhagens, raposas, guaxinins, tejos, iguanas ou até mesmo cobras.

Em 1993, Araújo comprou um barco de um colega e passou a fazer viagens de recreação e transportar passageiros do Adahil Barreto até a Engenheiro Santana Júnior. Em 2005, com “o abandono do Adahil”, ele teve que parar tudo. Mas ele não desistiu e no mesmo ano adquiriu a embarcação ‘Marta’ e começou a fazer passeios da Santana Júnior até a Sebastião de Abreu. A partir daí, o número de viagens só cresceu. De 2015 à 2016, de forma surpreendente ele mostrou a natureza da unidade de conservação (UC) para pelo menos, 12.180 “visitantes”, como ele costuma chamar as pessoas que buscam o seu barco para navegar no Cocó.

Segundo o comandante, o aumento no número de “visitantes” ocorre em função da melhoria na qualidade da segurança e da conservação do parque, além do interesse da sociedade pela temática ambiental. Para ele, “a UC de Proteção Integral que existe de fato desde 1991, e de direito, desde junho de 2016”, aproxima as pessoas da natureza. “É o quarto maior Parque Urbano da América Latina, porém, é o rio que o corta, que o mantém vivo, disse. “Se não fosse ele, não existiria tão rica e bela área protegida”, completa.

Durante o passeio, após as boas vindas, o comandante tem muita história para contar. Por exemplo, a origem do nome Cocó. Ele tem duas histórias. Uma, de quando o “rio era balneável e não recebia cargas de esgotos, as mulheres lavavam roupas e faziam cocó nos cabelos. “Mas eu não acredito nessa versão”, ressalta. A outra refere-se aos indígenas, habitantes da região. Eles plantavam nas duas margens do rio e na língua tupi guarani, roça era chamada de ‘CO’, daí a expressão COCO, plural de ‘CO’.

Mas a curiosidade acima é apenas um pouco do muito que o Comandante Araújo tem para nos contar. Com certeza ele vai relembrar a década de 1980, quando não existia qualquer tipo de vegetação às margens do rio, só salinas. De acordo com ele, estas foram abandonadas pelos empreendedores, e deixadas por conta do tempo. A maré, que a cada 24 horas, enche duas vezes e seca duas vezes, “veio trazendo sementes da parte baixa do rio e como por milagre, fez florescer essa floresta que tem em média 38 anos”.

Para saber mais como fazer o passeio de barco basta acessar o link https://www.sema.ce.gov.br/pas . As viagens duram cerca de duas horas, com saída no trapiche da ponte da avenida Sebastião de Abreu.


Sobre o Parque do Cocó

O Parque Estadual do Cocó foi regulamentado em 4 de junho de 2017, pelo governador Camilo Santana. De acordo com o Sistema Estadual de Unidades de Conservação (Seuc) possui área de 1.571ha e trata-se de uma unidade de conservação de categoria de Proteção Integral, ou seja, aquela em que a prioridade é a preservação da natureza, obedecendo às normas mais restritivas. A Secretaria do Meio Ambiente (SEMA), por meio da Coordenadoria de Biodiversidade (Cobio), é responsável pela gestão do Parque e manutenção da infraestrutura de apoio aos visitantes, além de promover educação ambiental.